segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Caminhos de celtiberos

Estava sol e fazia frio. Um daqueles dias típicos dos Invernos mediterrânicos.

Saímos de casa e fizemo-nos à estrada. Destino, praia de “La Fosca”. Aparentemente havia um caminho pedestre mesmo à beira mar, que nos levava por calas e praias desertas até umas ruínas de um povoado ibérico, habitado pelos nossos antepassados celtiberos.
O povoado estava praticamente deserto, alguns pedestres e ciclistas, e não muito mais. Ouviam-se os pássaros, as rolas e o vento nas arvores e sebes, e via-se aqui e ali um ou outro gato…preto. Os apartamentos, casas de férias, como de costume desertos. É a sina das estâncias balneares no inverno, 6 meses de bulício e outros seis de suplício deserto.
O caminho rapidamente nos levou para longe da praia deserta, e pelas falésias cheias de pinheiros mansos e carvalhos (sim é estranho, mas o mediterrâneo aqui é um lago) alcançamos uma primeira baia. Uma pequena aldeia de pescadores que só é usada no verão, marcava a sua presença. Pequenas barracas coloridas de pedra com varandas, numa única rua viradas para o mar, numa praia de pedras. O aglomerado estava deserto, mas com o sol o branco das casas resplandecia e os pequenos pátios convidavam a parar e a apreciar a paz e a quietude. Uma vila encantada dizia-se…


O caminho, contudo, continuava e rapidamente nos conduziu até uma outra baia. Uma praia com um grande areal, um mar azul tranquilo espelhava-se diante de nós. A meio da praia um ribeiro adormecia e entregava-se ao mar… mas caprichosamente apenas na maré alta. Graças a isso, quando olhávamos para o interior observavam-se os primeiros caniçais, e mais adiante um pequeno paul. O caminho levava-nos para fora da praia e conduzia a um monte. Nesse monte a coroa-lo estavam as ruínas. Os nossos antepassados escolheram bem o sítio. O monte é nada mais nada menos que uma pequena península, cujo istmo está a 70 metros de altura e despenha-se em duas pequenas “calas” (uma a norte e outra a sul), assim o único ponto de acesso é pela quase ponte, bom para a defesa. A proximidade do paul e de um ribeiro fornecia agua, peixe e terra… inteligentes os tipos.
A partir daqui, o caminho continuava sempre ao lado do mar, agora subíamos e descíamos colinas que se despenhavam no mar e formavam as calas (praias minúsculas), sempre acompanhados pelos pinheiros e carvalhos. O mar azul e calmo ouvia-se mais no topo do que lá em baixo, uma nuvem tapou o sol e reparámos que as sombras estavam mais longas, era tempo de regressar. O caminho continuava, adivinhamos que até quase França e a França fomos…

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